Realizar ações preventivas contra a violência e o abuso sexual infanto-juvenil. Esse é o objetivo da campanha “Iguatu contra a exploração infantil - Quem denuncia salva”, lançada, na manhã de ontem, pelo Juizado de Proteção a Infância e Juventude, em parceria com o Conselho Tutelar e a Secretaria de Ação Social por meio do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas).
A campanha prevê a realização de palestras educativas nas escolas públicas, distribuição de cartazes e adesivos para carros e blitze semanais. Nas emissoras de rádio e jornais locais, haverá inserção de peças publicitárias abordando a temática. De acordo com os dados do Juizado de Proteção à Infância e Adolescência há uma média de 60 denúncias por mês incluindo violência doméstica, maus-tratos, exploração de trabalho e também sexual.
A idéia dos organizadores do movimento é despertar na comunidade local uma consciência contra as diversas formas de exploração infantil. “Muitos comerciantes vendem bebidas alcoólicas, drogas, cigarros e até deixam adolescentes participarem de jogos de azar e de sinucas, em bares e mercearias da cidade e também na área rural”, observa o diretor-executivo do Juizado de Proteção à Infância e Juventude, Raimundo Barbosa da Silva. “Isso é crime e precisa ser combatido”.
No próximo dia 18, transcorre o Dia Nacional de Luta contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A campanha lançada ontem antecede a mobilização local que ocorre todos os anos por ocasião da data. As ações preventivas e educativas serão intensificadas até lá. O trabalho do Juizado de Proteção à Infância e Juventude é voluntário e conta com a participação de 33 agentes.
A principal dificuldade é a falta de transporte. São os agentes que, voluntariamente, realizam o trabalho de fiscalização. Usam carros próprios e dividem entre si o consumo do combustível. “Precisamos de apoio para a nossa locomoção”, observa o diretor social do Juizado e o mais antigo agente, João Teixeira.A mobilização surgiu a partir da constatação de que, a cada ano, ocorre um crescimento dos casos de exploração infanto-juvenil. As ocorrências mais comuns, segundo os órgãos responsáveis, estão relacionadas com os maus-tratos verificados na própria família, negligência e abandono por parte dos pais. “A maioria dos casos é de crianças largadas, sem cuidado com alimentação, vestimenta e falta de acompanhamento escolar”, observa a psicóloga, Kênia Paula Almeida de Araújo, do Centro de Referência da Ação Social (Cras).Kênia Paula observa que os casos de exploração sexual são velados e mais difíceis de serem descobertos e localizados. “São encobertos muitas vezes pelas mães para proteger o companheiro, que é o padrasto e agressor, ou mesmo o namorado da filha”, explica.
No Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), anualmente, são registradas, em média, 15 denúncias de exploração sexual. “Há casos de adolescentes dos bairros da periferia e vindas dos sítios que são agenciadas para prostituição, mas isso é de difícil localização e comprovação”, disse Kênia Araújo.No Creas, no período de 2003 a 2007, o índice médio anual de casos foi de 80 registros. “Essa campanha é válida à medida que desperta na comunidade uma consciência coletiva que passa a ser preventiva”, disse a técnica do Creas, Maria Barbosa. A integrante do Conselho Tutelar, Raimunda Holanda, destacou a necessidade de uma rede de proteção social para as vítimas.
PREVENÇÃO
"A campanha é preventiva e de conscientização dos moradores, mas precisamos de apoio"Raimundo BarbosaJuizado de Proteção à Infância"É uma mobilização válida por meio de um trabalho voluntário, que precisa ser ampliada"Maria BarbosaTécnica do Creas"A violência é presente em nosso meio e a maioria dos casos ocorre em ambiente familiar"Paola Correia da SilvaPsicóloga do Cras.
Mais informações:Juizado da Proteção à Infância e Juventude(88) 3581.5122S.O.S Criança - Creas0800.280. 3734
Repórter HONÓRIO BARBOSA
Fonte: Diário do Nordeste
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