Na falta de chuva, a arte alegrou uma centena de crianças e adolescentes, no Sítio Aroeira, zona rural deste município, localizado na região Centro-Sul, distante 400km de Fortaleza. Música, poesia, teatro de boneco, capoeira, danças regionais, cultivo de horta orgânica e pintura fazem parte da programação da III Jornada de Arte na Roça, realizada anualmente na última semana do mês de março, pelo Centro Sertão Vivo.As atividades artísticas são desenvolvidas ao longo de uma semana e têm por objetivo sensibilizar as crianças, jovens e moradores do lugar para a necessidade de cuidar da natureza, da própria vida e contemplar as belezas e riquezas do sertão, do bioma Caatinga. A religiosidade na dimensão mística e a adoração a São José permeiam a programação.Neste ano, o tema central da jornada foi o seguinte: “Meio ambiente é a casa da gente e vamos cuidar com arte”.
Nas oficinas, os alunos aprendem a confeccionar mamulengos, instrumentos musicais, bancos de garrafas plásticas e as apresentações enfocam a temática do projeto. No teatro de boneco, o diálogo entre os personagens mostra a necessidade de preservação da natureza.Balanço positivoO coordenador geral, músico e compositor, Zé Vicente, mostra-se preocupado com a agressão que sofre o sertão e a escassez de promoção de atividades artísticas nas escolas e comunidades rurais. “Chegamos ao terceiro ano com um balanço positivo das nossas atividades”, observou. “Temos como missão sensibilizar todos para a prática de cultivo que preserve a natureza”.Por meio das atividades artísticas, Zé Vicente, os coordenadores locais e artistas que participam do projeto atraem crianças e adolescentes. Os pais acompanham os filhos e aplaudem as apresentações fruto da aprendizagem nas oficinas. Neste ano, a arte produzida pelos alunos saiu do Sítio Aroeiras e foi até a sede do distrito de Guassussê e a localidade de Pedregulho levar alegria e mensagem em defesa da natureza para os moradores. A caravana mexeu com a vida das famílias da região.A semente do projeto foi plantada há mais de uma década, mas somente nos últimos três anos gerou frutos a partir da realização das oficinas e vivências de artes. O cantor Zé Vicente, com apoio de artistas amigos, parentes e vizinhos, transformou a antiga casinha que pertenceu a Tia Zefa e ao avô materno, Josino Barros, e uma área de dois hectares, implantando o Centro Sertão Vivo. Foram cultivadas árvores e horta orgânica.A artista Conceição Almeida participa do projeto desde o início. “Usamos a arte para conscientizar, anunciar coisas novas e denunciar”, observou. “O projeto deu certo e a cada ano cresce o número de pessoas interessadas em participar”.
Os coordenadores procuram formar um grupo fixo de arte e cultura, mas as atividades são abertas à comunidade e variam a cada ano.Em maio próximo estão programadas oficinas de massoterapia, fitoterapia e de alimentação alternativa para jovens e idosos. Em junho, será a vez do Arraial de Arte e, em dezembro, acontecerá o Arraial do Menino Deus.
Fonte: Diário do Nordeste