quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Chacina de Iguatu: Processo se arrasta e ex-PM ainda impune

Um ano e sete meses depois de um crime que chocou a população cearense, e em especial, a da Região Centro-Sul do Estado, o autor permanece impune. O ex-capitão da Polícia Militar, Daniel Gomes Bezerra, ainda não foi julgado. E o pior: mesmo tendo sido expulso da corporação, e se tornado um civil, permanece detido num quartel da PM, em Fortaleza, com regalias de oficial. A denúncia foi feita ao Diário do Nordeste, na última segunda-feira, pelo médico Nélson Benevides Teixeira e sua esposa, Célia Moema Moreno Teixeira, pais dos jovens Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira, ambos acadêmicos de Medicina, assassinados, a tiros, pelo ex-capitão Bezerra, em Iguatu. Indignados diante do quadro de impunidade e das regalias que o acusado vem desfrutando, o médico e esposa apelam à Justiça para que o ex-capitão seja transferido para um presídio comum e que seja levado a julgamento. Pedido neste sentido, também já foi feito pelo assistente da acusação, advogado criminalista Paulo Quezado. O promotor de Justiça da 1ª Vara de Iguatu, Antônio Monteiro, confirma que há demora na conclusão do processo. Irritado, o representante do Ministério Público apontou como principal causa as manobras realizadas pela defesa do acusado. “O atraso é decorrente da forma como a defesa está atuando, que relacionou testemunhas de outros Estados e até insistiu em ouvir testemunha de acusação que a Promotoria pediu dispensa e que houve dificuldade de localização”, afirmou. “É uma clara estratégia para retardar o processo.” Demora Monteiro disse esperar que o juiz da 1ª Vara, Wotton Ricardo Pinheiro da Silva, não aceite as manobras da defesa. “Espero que o Poder Judiciário seja hábil para coibir essas manobras, tentando arrastar o processo por um longo tempo”, observou. Em face da expulsão do PM, o promotor também requereu a transferência do réu para um presídio comum. “Há várias decisões do STJ contrárias a permanência de PMs expulsos, em unidade militar”. O juiz Wotton Pinheiro disse que compreende a dor dos pais das vítimas, mas que tem de zelar pela legalidade dos atos processuais. “Não me chateio com essas cobranças. Dou prioridade aos processos criminais com réus presos”. Segundo ele há cerca de quatro mil ações em tramitação na Vara, que não dispõe de juiz auxiliar.
Fonte: DN

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