Visto por muitas pessoas como um projeto irrealizável, o Ronda do Quarteirão completa hoje um ano de funcionamento. O novo modelo de policiamento comunitário desfruta de aprovação popular e já começa a servir de exemplo para outros estados.
Para avaliar como está o programa, O POVO visitou dois dos cinco primeiros bairros em que ele foi implantado: Bom Jardim e Jangurussu. A maior presença da Polícia nas ruas é apontada como uma de suas maiores virtudes. Por outro lado, o problema do tráfico de drogas e a dificuldade encontrada pela Polícia Civil para investigar continuam sendo um ponto vulnerável na área da segurança pública. Manhã de quinta-feira. Na entrada do 32º Distrito Policial (Bom Jardim), um acusado é conduzido por uma equipe do Ronda do Quarteirão. Poucos minutos antes, ele roubara uma bicicleta, foi perseguido pelas vítimas e só não foi linchado por causa da intervenção dos PMs.
Para o pedreiro Francisco de Assis de Rodrigues, 32, que teve o bem levado, o programa do Governo do Estado não mudou em nada o seu cotidiano. "Quando o Ronda começou, as coisas melhoraram. Depois piorou. Todo dia tem assalto por aqui", afirma. Inconformado por ter sido roubado duas vezes em menos de um ano, o pedreiro decidiu fazer justiça com as próprias mãos juntamente com um grupo de amigos. "Não tinha como chamar a Polícia e sabia que ele (o assaltante) não estava armado. Por isso corremos atrás. Depois que foi cercado, muita gente apareceu.
Ele só não apanhou mais porque o Ronda chegou na hora". Embora o assalto seguido da agressão tenha ocorrido na área do Bom Jardim, o procedimento foi instaurado no 12º DP (Conjunto Ceará), uma vez que o titular do 32º DP não estava na delegacia. Para Josenildo Menezes, chefe de investigação do 32º DP, o Ronda do Quarteirão não dá conta de problemas como homicídios e o tráfico de drogas. "Entrou o Ronda, saiu a PM das ruas. Cobriu-se um santo e descobriu-se outro. O Ronda faz polícia social. Ele não é eficaz para combater o tráfico e os assaltos. Os crimes de morte continuam ocorrendo da mesma maneira".
Há três anos na função, Josenildo ressalta o esforço que a equipe de policiais do distrito tem de fazer para poder trabalhar. Segundo ele, profissionais como comissário e escrivão - que, em tese, realizariam atividades burocráticas - saem às ruas para ajudar na investigação. Por mês, entre 10 e 15 assassinatos são registrados no bairro.
Em setembro, O POVO publicou uma série de reportagens em que essa situação é retratada. À época, o secretário titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Roberto Monteiro, disse que a estrutura da Polícia Civil estava "falida".
Fonte: O Povo
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