Depois de sete meses de estiagem no sertão do Ceará, 37 cidades estão sem caminhões-pipa para o fornecimento de água potável, e os moradores aguardam o socorro do governo federal. Segundo a Defesa Civil do Estado, o último pedido dos municípios para inclusão no programa foi há 23 dias. A falta de água atinge especialmente a zona rural de 68 cidades sertanejas. O Comando da 10ª Região Militar, responsável pelo programa dos caminhões-pipa na região, não foi encontrado para comentar o assunto.
Como ainda faltam dois meses para o início das chuvas, alguns moradores improvisam soluções. No distrito de Saquinho, em Itapipoca (CE), a 147 km de Fortaleza, a comunidade se uniu para encanar a água de um chafariz público e levá-la até as casas.
"Só não dá pra beber, porque é salgada demais", lamentou a agricultora Joana Rodrigues dos Santos. Assim como ela, os moradores são obrigados a cavar no leito de um rio riacho próximo para conseguir água potável.
Em regiões ainda mais afastadas, onde não há rios, os moradores estão preocupados. "Meu marido fala em sair daqui, porque a gente já é mais velho e não consegue mais andar tanto pra pegar água", afirmou Gerarda Rodrigues da Silva, 62 anos. O poço próximo a casa da família está quase seco e a água só serve para os animais.
O sindicato dos trabalhadores rurais da região critica o governo que "por falta de vontade não resolve esse martírio". "Novidade não é. Se tivesse planejamento, era uma coisa que já poderia ser resolvida", argumentou a secretária Maria Helena dos Santos Souza.
PrevisõesSegundo a Fundação Cearense de Metereologia (Funceme), o período chuvoso no Ceará deve ter início no mês de fevereiro. No próximo dia 10 de janeiro, os chamados "profetas da chuva" se reunem em Quixadá (CE) para fazer previsões sobre a período chuvoso.
O encontro, que acontece há 13 anos, leva em consideração sinais da natureza para prever a quantidade de chuvas, especialmente para a agricultura.
Fonte: Terra
