Por: Jenair Alves (assessoria de impressa CIPMJ)
O Fórum Social Mundial é um espaço de encontro - e mais que isso, um espaço de debate - entre os povos do mundo inteiro que acreditam que um outro mundo é possível. Esse grande encontro mundial vem acontecendo desde 2001, criado em oposição ao Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, Suíça. As edições de 2001, 2002, 2003, do FSM aconteceram em Porto Alegre, 2004 a sede do evento foi Mumbai, na Índia, em 2005 voltou a acontecer em Porto Alegre, em 2007 se deu em Caracas, Venezuela e agora, de 27 de janeiro a 1 de fevereiro de 2009 o FSM voltou a ser realizado no Brasil, dessa vez em Belém do Pará.
A passeata de abertura foi um encontro de todas as tribus, grupos e bandeiras. Mesmo com chuva, as quase 80 mil pessoas cumpriram os 6 km de caminhada entre música e gritos de lutas. Movimentos juvenis, movimentos de mulheres, povos do campo, negros, índios, gays, idosos, partidos políticos, redes. Todas as facetas que compõe o movimento social estavam ali, cheios de esperança e desejo de mudança por um outro mundo, um mundo mais igualitário, sem discriminação, sem preconceitos, de uma economia mais solidária, de respeito ao próximo e a natureza, um mundo de paz.
O tema central do Fórum foi a Amazônia, área de interesse mundial, que vem sofrendo com a ação do homem local e global. Debates como o direito a terra, o direito a água e o direito a vida digna dos povos da amazônia, como os índios e os ribeirinhos foram intensos e participativos. Cerca de 2.000 índios fizeram-se presentes para reafirmar seus direitos enquanto habitantes pioneiros daquele território. As presenças de Leonardo Boff e Marina Silva reforçaram os pensamentos políticos sobre o meio ambiente.
O evento que contou com mais de 100 mil inscritos recebeu visitas importantes como as do presidentes Lula da Silva (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) Rafael Corrêa (Equador) e Fernando Lugo (Paraguai) discursaram à favor de uma América Latina mais unida, por uma economia fortalecida e integração entre os povos dos países irmãos.
Mas além de personalidades reconhecidas internacionalmente, o Fórum Social Mundial é composto principalmente por militantes que estão todos os dias em suas localidades, com a intencionalidade de fazer a diferença. Foi com o desejo de encontrar semelhantes que uma caravana de 42 pessoas, composta por jovens e adultos das cidades de Acopiara, Cariús, Iguatu, Jucás e Quixelô, saiu do centro-sul (Iguatu) rumo a capital paraense. Os custos com a viagem, hospedagem e ajuda de custo chegaram a mais de 12 mil reais. A caravana contou com o apoio exclusivo do Conjunto Integrado de Projetos do Médio Jaguaribe (CIPMJ), uma articulação entre mais de 40 organizações da região que desenvolvem projetos nas áreas ambiental, cultural, econômico, político e social. Através do Fundo de Intercâmbio, do Fundo de Apoio a Juventude e do Projeto de Consolidação do CIPMJ foi possível subsidiar a presença dos agentes desenvolvimento local no VI FSM.
Inscrito como organização o Conjunto Integrado de Projetos do Médio Jaguaribe propôs realizar duas atividades durante o Fórum. A roda de diálogo Territórios em Movimento: Articulações locais promovendo o desenvolvimento contou com a presença de aproximadamente 50 participantes, sendo pessoas da Paraíba, Pará e Ceará. A segunda roda de diálogo, sobre Fundos de Apoio a Juventude – aprendizados e conquistas, foi mais diversificada, tendo uma apresentação de mais experiências e contou com mais de 50 participantes do Ceará, Paraíba, Pará, Piauí e Bahia.
Segundo Sandro Nascimento, um dos gestores do Projeto Atores (PB) e um dos coordenadores da caravana paraíbana no FSM 2009, as atividades realizadas foram bastantes válidas para que todos sintam-se em conexão: "é importante perceber que outras experiências semelhantes estão sendo criadas e desenvolvidas pelo nordeste" comentou Sandro. Rebeca Ribas, coordenadora de projetos no Instituto Aliança (BA) disse que “é importante perceber que somente no nordeste há 8 fundos de apoio a juventude em desenvolvimento, eles vêm apoiando grupos e projetos juvenis, seja para geração de renda ou para atuação social, mas é relevante pensar como transformar isso em política pública”. Adriana Oliveira, gestora do Fundo de Apoio a Juventude do Projeto Mandu (PI), informou que a Secretaria de Esporte e Juventude de Parnaíba/PI, designou 40 mil reais do orçamento desse ano para investir em um Fundo de Apoio a Juventude na cidade de Parnaíba, transformando a idéia que nasceu no meio social em um programa governamental. “A questão agora é analisar como expandirmos isso para as outras cidades da região do Delta do Parnaíba, precisamos sensibilizar os gestores de juventude e os prefeitos para entender que a estratégia de fundos de apoio são fundamentais para a melhor organização da juventude local”, ressaltou Adriana.
Ao final do Fórum, no dia 01 de fevereiro, antes da viagem de volta, a caravana do CIP Médio Jaguaribe reuniu-se no intuito de avaliar a presença em Belém e o desenrolar do próprio FSM 2009. Mesmo com as dificuldades de logística do encontro, por ter sido sediado em duas universidades enormes (UFPA e UFRA), os componentes da caravana conseguiram participar de várias atividades, entre os vários temas estão saúde, alimentação, agro-combustíveis, direitos humanos, juventude, política, cultura, pesquisa, tecnologia, entre outros. Segundo Wellington Torquato, coordenador do Projeto Consolidação do CIPMJ e da caravana no Fórum, avaliou a presença no evento como positiva “a dimensão do Fórum Social Mundial é enorme, os conhecimentos adquiridos serão certamente utilizados nos trabalhos desenvolvidos pelas pessoas e suas organizações. No entanto, o maior ganho vem da motivação, saímos de Belém mais desejosos e certos de que um outro mundo é possível, mesmo com todas as dificuldades e desafios que temos, por que parte da transformação depende de cada um de nós”, afirmou Wellington.
Mais informações sobre a participação da caravana do Centro-Sul no Fórum Social Mundial e do Conjunto Integrado de Projetos do Médio Jaguaribe podem ser acessadas no sítio www.cipmj.org.br
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