sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Consumo de drogas aumenta no Centro-Sul

O consumo de drogas e, conseqüentemente, o aumento da violência nas áreas urbanas da região Centro-Sul preocupam moradores e lojistas. Cidades como Iguatu, Icó, Lavras da Mangabeira e Orós, principalmente o distrito de Guassussê, possuem regulares apreensões de droga. De agosto de 2008 até o início de fevereiro deste ano, 16 traficantes foram presos pela 17ª Delegacia Regional de Icó, totalizando dez apreensões de drogas.

No entanto, por mais que seja um problema pontual, a população de pequenos vilarejos temem que a situação piore, tornando o quadro social irreversível.Na última apreensão realizada pelo delegado da 17ª Regional de Icó, José Gonçalves de Almeida, um pote de doce de goiaba escondia, no fundo, maconha e uma pequena serrinha a ser usada para fuga.

Em Iguatu, por exemplo, o horário mais preocupante, segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Valmir Alves de Oliveira, é a partir do meio-dia até às 14 horas, quando o comércio local perde boa parte dos consumidores em decorrência da temperatura elevada da cidade. Com isso, os lojistas tornam-se alvos fáceis dos assaltantes.Para conter o índice de violência na cidade, principalmente contra os comerciantes, a entidade passou a atuar junto com a Polícia. “Trabalhamos em parceria com a Polícia, ajudando com a compra do combustível para a ronda. Nosso trabalho se baseia nessa ajuda, mas também cobramos atitudes e providências para promover mais segurança”, conta.

De agosto de 2008 até fevereiro de 2009, foram presos 16 traficantes em Icó

De acordo com ele, a cada três meses a diretoria da CDL se encontra com a Polícia Civil com o objetivo de propor novos mecanismos de ação com a violência na cidade. “Os comerciantes têm reclamado bastante da violência e temos que agir”, diz. E completa: “o ideal seria que cada um tivesse que cuidar do seu ramo. Nosso papel é fomentar o comércio e não cuidar da segurança”.Na Delegacia Regional de Icó, responsável por mais seis cidades — Ipaumirim, Baixio, Umari, Lavras da Mangabeira, Cedro e Orós —, somente uma das apreensões realizadas pela Polícia encontrava-se no local. Conforme o delegado, há dificuldades para continuar com os trabalhos. “Falta efetivo policial e um serviço de inteligência. Mas sempre que dá, fazemos uma ronda na cidade”.

Guassussê: No distrito de Guassussê, no município de Orós, a situação do tráfico e uso de drogas preocupa moradores. Mesmo sem saber quem são os consumidores ou supostos traficantes, os moradores temem que este seja mais um fator preponderante para a insegurança na vila. De acordo com uma moradora, que preferiu não ser identificada, a referência dos jovens de Guassussê não é Fortaleza, mas São Paulo. “Eles saem jovens demais, sem qualificação, e vão morar na periferia de São Paulo, covivendo com as drogas”, disse. Quando voltam à realidade de Guassussê, salienta a moradora, os jovens copiam os mesmos costumes de São Paulo.

Ela lembra que, antigamente, era possível deixar o carro com os vidros abertos. Mas hoje, tem que deixar o veículo dentro de uma garagem para que não seja roubado. “Já não é mais confiável. É uma das maiores desilusões da minha vida”, disse. Segundo a moradora, as pessoas não comentam os crimes que já aconteceram em Guassussê por causa do medo que ainda existe na vila.Segundo o auditor da Secretaria da Fazenda (Sefaz) de Iguatu, Demairton Cândido, quase metade dos jovens da localidade consomem drogas e isso o deixa bastante preocupado, uma vez que seus pais residem em Guassussê. Para ele, a Polícia tem conhecimento mas não toma as providências. “O policiamento ainda é pouco”, diz.O Conselho Tutelar de Orós, responsável pela Vila de Guassussê, diz que não existem fatos concretos que comprovem o aumento da violência no distrito. Segundo a conselheira Cleide Nogueira, os boatos sobre o consumo de drogas existem e é preciso que seja formalizada uma denúncia. “As pessoas comentam, mas não sei quem consome nem quem vende”.Segundo ela, isso não significa que não haja preocupação sobre o uso de entorpecentes pela população mais jovem. “A nossa maior dificuldade é ter provas concretas. Como apontar um possível traficante sem saber? Já pedimos posto policial para os distritos de Orós e a ronda é esporádica”.

Fonte: Diário do Nordeste / Maurício Vieira

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