sexta-feira, 13 de março de 2009

Artigo: Alô Marlene

Assumo a convicção de que somos mais do que seres viventes de uma vida passageira. Creio que somos passageiros de uma viagem infinita, a vida, cujo roteiro inclui a experiência aqui vivida, como uma das estações do espírito no seu percurso evolutivo. Esta reflexão parece necessária diante do desejo de pronunciar alguma palavra que possa dizer um pouco do que sinto ao saber que nossa querida Marlene Teixeira foi chamada ao mundo espiritual, onde, certamente, assumirá, com o máximo empenho, suas novas atribuições. Mas, que novas atribuições? Na verdade, ela muda de lugar para continuar, com muito mais energia, a mesma e principal missão de sua passagem entre nós: partilhar a vida com Fé, Amor, alegria e simplicidade. Conheci Marlene, primeiro através da voz, no rádio, fazendo jornalismo, promovendo os valores musicais e artístico-culturais da nossa terra, prestando serviço à sociedade. Uma bela voz, que pensei inicialmente ser somente locutora, mas, logo descobri que também era cantora, jornalista, radialista, funcionária pública federal. Anos depois, pelos idos de 1978, por conta de uma matéria que enviei para veiculação pela Rádio Iracema de Iguatu, recebi um convite decisivo para o meu sonho de ser radialista e jornalista. Numa rápida conversa, na emissora, na presença do Edilson Rolim, o diretor comercial, ela me disse que gostou do meu texto, que eu levava jeito para o rádio e me entregou um gravador, uma fita e uma pauta: “Entreviste o prefeito Elmo Moreno”. Fiquei surpreso, mas fui. Na volta, a matéria foi aprovada e, claro, nunca mais deixaria de trabalhar em rádio. E a Marlene, diretora da emissora, minha chefe, tornou-se uma grande amiga a quem sou eternamente grato pelo incentivo, apoio e orientações fundamentais para a vida e formação profissional. Marlene era uma grande radialista e jornalista, diretora da Rádio Iracema, colaboradora de jornais e televisões de Fortaleza, sempre desempenhando com ética, honestidade e competência o seu trabalho de comunicadora, comprometida com os legítimos interesses sociais. Mas, Marlene Teixeira era, sobretudo PESSOA, GENTE, CIDADÃ, sempre a indignar-se com as injustiças e disposta a fazer valer os direitos e o respeito à cidadania. E, o mais importante, aplicava quotidianamente, com simplicidade e muito afeto, uma das atitudes mais importantes e necessárias no mundo atual: A CARIDADE. Sou testemunha do quanto Marlene ficava feliz ao partilhar a vida com as pessoas, sem qualquer forma de discriminação. Um sorriso aqui. Um abraço ali. A mão sempre estendida em direção a quem precisava. Recentemente, numa conversa familiar, eu me perguntava: quantos filhos a Marlene Teixeira teria?! Ela era, de coração, avó, mãe, tia, madrinha, irmã, amiga! Ela conseguia ser tudo isso ao mesmo tempo, com uma sutileza, uma generosidade e uma luminosidade de alguém que se reconhece como espírito e vê todos os outros como integrantes de sua FAMÍLIA ESPIRITUAL. Sinto-me também integrante dessa família liderada por Marlene. Sei que, hoje, somos centenas e milhares de amigos, irmãos, afilhados, sobrinhos, filhos e netos a acompanharmos Marlene, em preces, para que seu caminho seja cada vez mais iluminado... Alô Marlene, pode falar. Se preferir, cante, cante “Carinhoso”, uma das suas canções preferidas. Nós continuaremos ouvindo você. Sempre. E mais: no rádio, sua voz continua a ecoar, nas muitas vozes que você acolheu e formou. Nonato Lima Ex-funcionário da Rádio Iracema de Iguatu. Diretor da Rádio Universitária FM. Professor da Universidade Federal do Ceará.

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