As filas começam já nas noites anteriores. Moradores da região reclamam da demora na expedição de documentos
Iguatu. Moradores desta cidade enfrentaram o frio da madrugada e muita espera para obter documentos no Caminhão do Cidadão, da Secretaria de Justiça e Cidadania, instalado por cinco dias na Praça da Matriz. Diariamente, eram oferecidas 200 senhas de atendimento, mas a demanda era bem superior. As pessoas enfrentavam uma fila que se formava a partir das 18 horas para serem despachadas no dia seguinte.
O agricultor Cosmo Alves, morador do Sítio Serrote, na zona rural de Iguatu, chegou ao meio-dia e teve que permanecer na fila até a manhã do dia seguinte para ser atendido. “O jeito é esperar porque estou precisando do documento. Isso é um absurdo”. Quem está na fila reclama do cansaço. “Saí do colégio e vim direto para a praça para conseguir uma vaga”, contou a estudante Josiane Cabral.
Na véspera do Caminhão do Cidadão ir embora, 47 pessoas já estavam na fila, às 19 horas. “Essa é a segunda noite que eu venho e espero agora ser atendida”, reclamou a dona-de-casa Maria das Dores Souza. O agricultor Antônio Cardoso também madrugou na espera de obter a 2ª via da sua carteira de identidade.
No último dia de atendimento, só foram distribuídas 100 senhas. A dona-de-casa Wedja Cassimiro teve a iniciativa de anotar os nomes das pessoas que iam chegando ainda pela noite para dormir nos bancos da praça. “É para organizar a fila para o dia seguinte e evitar confusão”, disse.
Demanda reprimida
O transtorno enfrentado pelos moradores reflete um problema que vem se arrastando há pelo menos três anos. Em julho do ano passado, o Diário do Nordeste divulgou reportagem sobre o tempo médio de espera de nove meses para as pessoas obterem a carteira de identidade na região Centro-Sul. Até julho de 2007, a Casa do Cidadão emitia o documento por meio de um sistema informatizado. A carteira de identidade era confeccionada de imediato e a unidade atendia até 120 pessoas por dia, oriundas da região Centro-Sul.
Mas o Governo do Estado suspendeu o sistema anterior e retornou para o modo manual, mais lento. Esses dados são enviados para análise dos peritos em Fortaleza.
Para a emissão das carteiras, é necessário que um funcionário do Instituto de Identificação do Ceará leve a Fortaleza as cédulas para serem confeccionadas posteriormente. Não há regularidade na liberação de verba de custeio de viagem por parte do município para o servidor do Estado. Resultado: demora de vários meses para a entrega do documento.
O Instituto de Identificação do Ceará está substituindo o sistema informatizado para o digital, mas a mudança é lenta e ainda não chegou à maioria das cidades do Interior. O coordenador do Caminhão do Cidadão, Aires Nogueira, disse que as longas filas são formadas em face da demanda elevada. “O governo está adquirindo novos equipamentos e em breve serão instalados no Interior, mas não dá para dizer quando. Já houve a licitação”. Nogueira também justificou a permanência de poucos dias da unidade móvel porque é necessário chegar a várias cidades do Interior.
O Governo do Estado adquiriu mais três caminhões e agora são seis unidades, sendo três carretas para as cidades do Interior e três veículos que atendem a Região Metropolitana. “Se tivéssemos dez carros, ainda não seriam suficientes”, disse Eline Joice Barbosa Monteiro, coordenadora de Cidadania da Secretaria.
Até o próximo dia 26, haverá unidades de atendimento em Guaraciaba do Norte, Ipueiras e São João do Jaguaribe. Em Juazeiro do Norte, o caminhão permanece até o dia 28 e segue para Arneiroz. De 25 a 30 deste mês, será a vez de Altaneira. No fim deste mês e início de julho, Icapuí também recebe a unidade móvel. De janeiro a maio, foram expedidas 64 mil carteiras de identidade e 33 mil cartões de CPF.
Mais informações:
Caminhão do Cidadão
(88) 3581. 6833
Secretaria de Segurança e Cidadania
(85) 3238 6594
HONÓRIO BARBOSA
Colaborador
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