Intercâmbio quer melhorar abrigos em Iguatu

A experiência francesa de gestão em abrigo domiciliar começa a ser aplicada nesta cidade. A ação inovadora faz parte de uma articulação da Escola de Saúde Pública de Iguatu, por meio do Programa de Acompanhamento do Desenvolvimento Infantil (Padin), lançado recentemente neste município pela Secretaria de Saúde. As novas técnicas do cuidar infantil foram apresentadas pela psicanalista Lia Batista Valseth em treinamento para profissionais de saúde e de assistência social. Integrantes do Conselho Tutelar, do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), profissionais do Programa Saúde da Família (PSF), psicólogos, educadores, mães e os que trabalham no Berçário de Médio Risco do Hospital Regional de Iguatu participaram do treinamento. A idéia é oferecer um melhor cuidado para as crianças acolhidas no Abrigo Domiciliar, proporcionando-lhes desenvolvimento físico, mental e social. Iguatu é a única cidade da região Centro-Sul que dispõe de um abrigo domiciliar que acolhe crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos, violência sexual e abandono. O objetivo das ações do Padin é melhorar o atendimento às crianças, a partir da implantação de novas técnicas do cuidar, de um sistema moderno de proteção infantil e de descoberta precoce de problemas de saúde física e psíquica. As novas orientações foram apresentadas pela psicanalista Lia Batista, que há dez anos trabalha em Paris e coordena um abrigo domiciliar que é modelo na França. Os profissionais que trabalham nos cuidados às crianças estão sendo capacitados. "O nosso objetivo é proporcionar às crianças um cuidar com maior qualidade e rigor técnico", observa o coordenador do Padin, Ériton Luiz Araújo de Souza. "Muitas dessas crianças que estão abrigadas têm o desenvolvimento comprometido, devido à ausência dos pais ou de familiares". O objetivo do Padin é amenizar as conseqüências danosas no desenvolvimento dessas crianças, promovendo um cuidado o mais próximo possível de uma família normal, assim como possibilitar o acompanhamento técnico nos processos de adoção e proporcionar ao Conselho Tutelar melhores condições técnicas nas suas tomadas de decisão. A experiência trazida pela psicanalista Lia Batista foi apresentada de forma simples, clara, numa conversa direta com os profissionais de saúde e de assistência social. O cuidar com a alimentação, a forma adequada de ser dado o alimento, a higiene e o brincar compartilhado foram apresentados a partir da experiência francesa em abrigo domiciliar. "Precisamos observar e respeitar as diferenças culturais, mas a nossa preocupação é com os cuidados para evitar microrrupturas no desenvolvimento dessas crianças", observa Lia Batista. Em visita ao Abrigo Domiciliar de Iguatu, Lia Batista observou que há muito que mudar. Na maioria das instituições que acolhem crianças abandonadas e vítimas de maus-tratos e violência, faltam aos cuidadores uma capacitação adequada. "São crianças fragilizadas, sem o laço afetivo familiar, que precisam de cuidados adequados e de qualidade", observa a psicanalista. Apesar das dificuldades e deficiências, Lia Batista observou a decisão política em melhorar as ações e o funcionamento do Abrigo Domiciliar. "Há uma vontade política e isso é o primeiro passo. Muitas coisas podem ser melhoradas, mesmo com poucos recursos". Lia Batista voltará outras vezes a Iguatu para acompanhar as ações do Padin e as mudanças a serem verificadas no Abrigo Domiciliar. O programa também já oferece com regularidade a profissionais que trabalham na rede pública de saúde, um curso de puericultura, com a psicanalista Maria Helena Cardoso Pinheiro. CAPACITAÇÃO Precisamos dar proteção adequada e evitar microrrupturas no desenvolvimento infantil" Lia Batista Psicanalista Mais informações Coordenação do Padin Rua 27 de Novembro, 569 Bairro Prado Fone/Fax: (88) 3581-9233

Fonte: Diário do Nordeste/Honório Barbosa