O diretor do Banco do Vaticano, Ettore Gotti Tedeschi, está sob investigação como parte de uma suspeita de lavagem de dinheiro, disseram fontes policiais nesta terça-feira em Roma. O banco, conhecido oficialmente como Instituto para as Obras de Religião (IOR), gerencia as contas de membros da Igreja Católica Romana.
Tedeschi e outro alto funcionário do IOR começaram a ser investigados depois que duas transações suspeitas foram relatadas para a polícia. O gabinete de Tedeschi afirmou nada ter a comentar sobre o assunto, enquanto o Vaticano disse estar "perplexo" com as denúncias.
A polícia italiana confiscou preventivamente 23 milhões de euros (mais de R$ 52 milhões) das contas do banco com outra instituição. O dinheiro foi confiscado sob ordem da juíza Maria Teresa Covatta, a partir de uma solicitação do procurador-adjunto Nello Rossi e do procurador-substituto Stefano Rocco Fava.
A ação penal teve como base dados da Unidade de Informação Financeira (UIF), ligada ao Banco da Itália (banco central do país), que já havia disposto, em 15 de setembro, a suspensão por cinco dias de duas operações consideradas suspeitas do IOR em sua conta na sede romana do banco Credito Artigiano.
As iniciativas se referiam à movimentação de 20 milhões de euros destinados ao instituto de crédito J.P. Morgan em Frankfurt, e à de outros três milhões para a Banca del Fucino, da Itália. Na conta foram depositados em seguida 28 milhões de euros.
As supostas irregularidades seriam violações de decreto que obriga as entidades bancárias a indicar as identidades dos sujeitos das operações financeiras, bem como seus objetivos e natureza.
Em uma circular de 9 setembro, o Banco da Itália havia dado aos institutos de crédito indicações sobre as relações com o IOR, que deve ser considerado uma instituição extracomunitária (proveniente de fora da União Europeia).
A medida reforça as verificações feitas juntamente ao banco do Vaticano, motivo pelo qual a UIF ativou os controles que levaram ao confisco dos 23 milhões de euros e à inscrição no registro de investigados também do presidente Tedeschi.
O Banco do Vaticano envolveu-se pela última vez em um grande escândalo em 1982, quando seu arcebispo-governador foi indiciado pelo envolvimento na falência fraudulenta do Banco Ambrosiano, então o maior banco privado da Itália.
Embora ele nunca tenha sido preso, o desfecho do escândalo tornou-se sombrio quando dois de seus principais executivos, incluindo seu presidente, Roberto Calvi, foram assassinados.
Calvi, conhecido como Banqueiro de Deus por causa de seus vínculos próximos com o Vaticano, foi encontrado enforcado na Ponte Blackfriars, em Londres.
*Com Reuters, BBC e Ansa
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