O promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, pediu neste sábado autorização da Justiça Eleitoral para fazer um teste de escrita e leitura com o candidato a deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca (PR).
"Existe uma suspeita séria de que esse homem é analfabeto. É preciso saber se ele tem condição de ser candidato", afirmou o promotor.
Lopes quer que Tiririca passe pelo exame na segunda-feira. Se a Justiça determinar, o candidato terá que fazer um ditado e uma leitura de um trecho da Constituição.
A lei eleitoral permite o voto dos analfabetos, mas proíbe a candidatura deles.
A suspeita do promotor acontece depois de reportagem da revista "Época" mostrar indícios de que Tiririca é analfabeto.
Para a revista, o humorista Ciro Botelho --que escreveu o livro "As piadas fantárdigas do Tiririca" afirmou que o candidato não sabe ler ou escrever. A reportagem também descreve situações em que o candidato mostra dificuldade de leitura.
O promotor contou que foi hoje ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo pessoalmente, mas não encontrou juízes para aceitar o pedido.
Quando se registrou, Tiririca apresentou uma carta afirmando que sabe ler e escrever.
CARTILHAS
O promotor também disse que vai protocolar um pedido contra um polêmico gibi distribuído pela campanha de Tiririca.
Para ele, o gibi pode ser considerado brinde porque é distribuído preferencialmente para crianças.
"Se a revista for propaganda, é uma coisa. Se ela for considerada um brinde, é outra coisa."
Na publicação, que leva na capa a sigla de seu partido, o PR, cada frase séria com ideias do candidato vem acompanhada de uma piada.
Na página que leva o texto "os idosos, que tanto trabalharam pelo Brasil, não foram esquecidos por Tiririca", o humorista aparece abraçado a um casal de velhinhos e afirma, em um balão: "Essa véia ainda dá um caldo".
FALSIDADE IDEOLÓGICA
O pedido do exame não é o primeiro que o promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes faz contra Tiririca.
No dia 20, ele denunciou o palhaço por falsidade ideológica, que foi recebida pela Justiça.
Em entrevista concedida à revista "Veja", o humorista afirmou que declarou ao TSE não possuir bens, pois teria colocado todo o seu patrimônio em nome de terceiros, depois de responder a processos de sua ex-mulher.
O promotor pediu a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Tiririca, assim como cópias de processos contra ele que tramitam em segredo de Justiça no Ceará.
Pela mesma entrevista e pelo mesmo motivo, a Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo --órgão do Ministério Público Federal-- encaminhou ofício à Justiça Eleitoral no último dia 10 para adoção das medidas cabíveis contra possível crime eleitoral cometido por Tiririca.
Procuradoria
As reclamações do promotor contra Tiririca já obrigaram a Procuradoria a soltar uma nota para dizer que o slogan "pior do que está não fica" não pode ser considerado crime eleitoral.
No texto, a procuradoria lembrou que o promotor não tem atribuição de impugnar candidaturas ou tratar de propaganda irregular.
Para Lopes, a propaganda do candidato é irregular por passar mensagens subliminares. Ele também disse que Tiririca não poderia aparecer no horário eleitoral gratuito vestido de palhaço.
O promotor ainda critica o fato da Procuradoria não ter dado atenção aos seus pedidos.
Até o momento o candidato não foi encontrado para comentar o pedido do promotor.
Folha
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