No primeiro bloco do debate inaugural para o segundo turno das eleições presidenciais, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) trocaram ataques duros neste domingo (10), com a petista acusando o rival de usar “mentiras e calúnias” contra ela, enquanto o tucano criticou a “vitimização” da petista e questionou sua fé.
Dilma também criticou políticas de educação e de segurança durante o governo de Serra em São Paulo. O tucano rebateu com ataques à ex-braço direito da rival, Erenice Guerra, e colocando em questão as posições da líder nas pesquisas sobre aborto – o tema dominante da primeira semana após a votação de 3 de outubro.
Depois de dizer que quer uma política educacional na qual “professor não seja tratado a cassetete”, em ataque indireto ao rival, a petista questionou Serra com uma acusação. “Eu acho que a sua campanha procura me atingir por meio de calúnias, mentiras e difamações. Essas calúnias tem sido muito claras”, disse.
“Tenho visto o seu vice, Índio da Costa. A única coisa que ele faz é criar e organizar grupos, até aproveitando a fé das boas pessoas, para me atingir, em questões religiosas. Essa forma de campanha que usa o submundo é correta?”, questinou.
Serra começou com tom ameno, mas endureceu o debate. “Me solidarizo com quem é vítima de ataques pessoais. Tenho recebido muito ataque e muita calúnia, até antes da campanha. Uma campanha bem orquestrada, inclusive a respeito de idéias que eu não tenho”, disse.
“Mas nós somos responsáveis por aquilo que pensamos e aquilo que falamos. A população cobra programa de governo, mas cobra também conhecimento sobre os candidatos. A questão da Casa Civil: no debate que fizemos na TV, você terminou dizendo que se tratava provavelmente de uma invenção da imprensa. Na questão do aborto, você disse isso no debate da Folha, no UOL, que era a favor do aborto. Depois, disse que era contra. Isso não é estratégia de adversário”, disse.
Aborto
Dilma insistiu na acusação a Serra. “Eu acho que você tem de ter cuidado para não ter mil caras. A última mentira e calúnia contra mim, vocês diziam que a minha campanha tinha aberto sigilo. Hoje o juiz te denunciou e você é réu. Você se cuida, porque está dando os primeiros passos para entrar na questão da ficha limpa”, afirmou.
“Tem uma campanha contra mim. Você regulamentou o acesso ao aborto no SUS [Sistema Único de Saúde]. Eu concordo com a regulamentação. Entre prender e atender, eu fico com atender”, disse. A campanha da petista notou que a intenção de voto dela entre católicos e evangélicos caiu por conta da dubiedade no assunto.
Sobre a normatização do aborto, permitido no Brasil para os casos de estupro e risco de vida da mãe, Serra disse que apenas aplicou uma “norma técnica” e criticou a rival por sua posição diante dos religiosos. “Nunca defendi a liberação do aborto. Você defendeu. Não estou fazendo juízo de valor a respeito”, disse. “E de repente você passa a se vitimizar em relação a isso.”
O tucano afirmou ainda que a petista “não sabe bem se acredita ou se não acredita” em Deus. “E depois vira uma devota”, disse, para depois emendar ataques a Erenice, demitida por suspeita de ilegalidades na Casa Civil. “Seu braço direito organizou um grande esquema de corrupção. Você não tem nada a ver, é tudo alheio a você”, disse, em tom de ironia.
Ainda no primeiro bloco, Dilma levantou suspeitas sobre “Paulo Vieira de Souza, que fugiu com R$ 4 milhões da sua campanha”.
UOL
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