Por BERNARDO MELLO FRANCO
Em reunião fechada com aliados, a candidata derrotada do PV à Presidência, Marina Silva, atacou ontem a gula de dirigentes do partido por cargos e afirmou que não vai "se apequenar" nas negociações do segundo turno.
Ela se mostrou irritada com a intenção do núcleo da campanha de José Serra (PSDB) de oferecer quatro ministérios em troca do apoio do PV, como noticiou ontem o Painel.
Em tom de ironia, Marina criticou o fisiologismo de parte da cúpula verde, sugerindo que a oferta seria alta demais para alguns dirigentes de seu partido.
"Quatro ministérios pro PV... Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta pensar num conselho de estatal, já estaria muito bom. Certo? Tem esse tipo de mentalidade", disse ela.
A senadora reclamou do assédio a aliados e prometeu não se curvar à "velha política", referindo-se à oferta de espaço no futuro governo. Segundo ela, seus eleitores cobram "postura e valores" diferentes. "Quem estiver oferecendo cargo não entendeu nada do que as urnas disseram", afirmou.
"MAIOR QUE NÓS"
Marina insistiu que ela e seus apoiadores não podem "se apequenar" nas conversas com PT e PSDB. "Nós sabemos que esse movimento [sua candidatura] é maior que nós. Não podemos nos apequenar como vão querer que nos apequenemos."
Ela também demonstrou incômodo com a sugestão de que apoiaria Dilma Rousseff (PT) por gratidão ou amizade ao presidente Lula, indicando que não cederá a um apelo emocional do ex-chefe.
"Não pode [...] achar que é uma discussão de amizades históricas, por mais viscerais, umbilicais, cardíacas que elas possam ser."
Marina disse ter ficado "muito triste" com reportagem da Folha publicada no sábado, um dia antes da eleição, mostrando que a cúpula do PV já se inclinava a declarar apoio a Serra. A senadora ressaltou que ainda estava "desesperadamente lutando" para ir ao segundo turno.
Ela falou a cerca de 60 aliados, entre assessores, ambientalistas e colaboradores de seu plano de governo. O grupo passou quatro horas e meia a portas fechadas, discutindo o segundo turno. A maioria defendeu a neutralidade da senadora.
Entre os presentes, estavam o vice Guilherme Leal, o coordenador da campanha, João Paulo Capobianco, e o teólogo Leonardo Boff.
A reunião só foi aberta rapidamente para o registro de imagens, mas a Folha apurou o que foi discutido.
Mais tarde, em entrevista, Marina voltou a indicar que pretende se declarar neutra. "Vou me expor ao processo para uma tomada de decisão. Isso é diferente de quando falam em apoio a este ou aquele candidato", pontuou.
Ela afirmou que anunciará sua decisão dia 17, em convenção do PV em São Paulo. Por exigência dela, terão direito a voto, além de dirigentes, religiosos e militantes sem filiação partidária.
Mesmo assim, a senadora disse que pode não acatar a decisão da maioria. "Não sei se vai haver convergência entre minha posição e a do PV."
Em público, ela evitou críticas à cúpula do partido, mas disse que não se guiará "em hipótese alguma" pela oferta de cargos. Disse que se reunirá com Dilma e Serra na semana que vem e levará um resumo de sua plataforma para orientar as conversas.
Mais cedo, o presidente do PV, José Luiz Penna, negou a jornalistas que o partido seja fisiológico. "Vocês ficam sempre reduzindo tudo a cargos. O nosso negócio são programas. Nós sempre tivemos uma política de alianças programáticas", afirmou.
A sigla ocupa cargos em governos de PT e PSDB. No federal, controla o Ministério da Cultura. No paulista, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social.
Ela se mostrou irritada com a intenção do núcleo da campanha de José Serra (PSDB) de oferecer quatro ministérios em troca do apoio do PV, como noticiou ontem o Painel.
Em tom de ironia, Marina criticou o fisiologismo de parte da cúpula verde, sugerindo que a oferta seria alta demais para alguns dirigentes de seu partido.
"Quatro ministérios pro PV... Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta pensar num conselho de estatal, já estaria muito bom. Certo? Tem esse tipo de mentalidade", disse ela.
A senadora reclamou do assédio a aliados e prometeu não se curvar à "velha política", referindo-se à oferta de espaço no futuro governo. Segundo ela, seus eleitores cobram "postura e valores" diferentes. "Quem estiver oferecendo cargo não entendeu nada do que as urnas disseram", afirmou.
"MAIOR QUE NÓS"
Marina insistiu que ela e seus apoiadores não podem "se apequenar" nas conversas com PT e PSDB. "Nós sabemos que esse movimento [sua candidatura] é maior que nós. Não podemos nos apequenar como vão querer que nos apequenemos."
Ela também demonstrou incômodo com a sugestão de que apoiaria Dilma Rousseff (PT) por gratidão ou amizade ao presidente Lula, indicando que não cederá a um apelo emocional do ex-chefe.
"Não pode [...] achar que é uma discussão de amizades históricas, por mais viscerais, umbilicais, cardíacas que elas possam ser."
Marina disse ter ficado "muito triste" com reportagem da Folha publicada no sábado, um dia antes da eleição, mostrando que a cúpula do PV já se inclinava a declarar apoio a Serra. A senadora ressaltou que ainda estava "desesperadamente lutando" para ir ao segundo turno.
Ela falou a cerca de 60 aliados, entre assessores, ambientalistas e colaboradores de seu plano de governo. O grupo passou quatro horas e meia a portas fechadas, discutindo o segundo turno. A maioria defendeu a neutralidade da senadora.
Entre os presentes, estavam o vice Guilherme Leal, o coordenador da campanha, João Paulo Capobianco, e o teólogo Leonardo Boff.
A reunião só foi aberta rapidamente para o registro de imagens, mas a Folha apurou o que foi discutido.
Mais tarde, em entrevista, Marina voltou a indicar que pretende se declarar neutra. "Vou me expor ao processo para uma tomada de decisão. Isso é diferente de quando falam em apoio a este ou aquele candidato", pontuou.
Ela afirmou que anunciará sua decisão dia 17, em convenção do PV em São Paulo. Por exigência dela, terão direito a voto, além de dirigentes, religiosos e militantes sem filiação partidária.
Mesmo assim, a senadora disse que pode não acatar a decisão da maioria. "Não sei se vai haver convergência entre minha posição e a do PV."
Em público, ela evitou críticas à cúpula do partido, mas disse que não se guiará "em hipótese alguma" pela oferta de cargos. Disse que se reunirá com Dilma e Serra na semana que vem e levará um resumo de sua plataforma para orientar as conversas.
Mais cedo, o presidente do PV, José Luiz Penna, negou a jornalistas que o partido seja fisiológico. "Vocês ficam sempre reduzindo tudo a cargos. O nosso negócio são programas. Nós sempre tivemos uma política de alianças programáticas", afirmou.
A sigla ocupa cargos em governos de PT e PSDB. No federal, controla o Ministério da Cultura. No paulista, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social.
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