quarta-feira, 6 de outubro de 2010

PV poderá decidir não apoiar nenhum candidato, diz dirigente

Dirigentes do PV afirmam que a convenção do partido, que será realizada no próximo dia 17, buscará primordialmente preservar o capital político obtido nesta eleição com os quase 20 milhões de votos recebidos pela candidata Marina Silva. "Eu posso garantir que o que não vai acontecer é o PV e Marina jogarem no lixo o apoio recebido. Ninguém vai jogar pela janela o que foi conquistado", disse João Paulo Capobianco, que coordenou a campanha da senadora e é membro da executiva nacional do partido.

"Participar do segundo turno não significa aderir a um lado ou outro. Acreditamos que a presença do partido e da candidata já está promovendo o debate que interessa à sociedade. E podemos chegar (na convenção) a um resultado sem nenhuma aliança. Não estamos trabalhando para definir qual será a aliança. A convenção é para definir a posição, esse é o acordo feito entre o partido e a candidata", explicou Capobianco.
A decisão sobre para qual lado o PV tende a se virar ganhou força após os resultados das urnas no último domingo, quando Marina recebeu, surpreendentemente 19,6 milhões de votos. PSDB e PT já começaram a se movimentar em busca do apoio dos verdes, mas não receberão nenhuma posição oficial antes da convenção.
O presidente nacional do partido, José Luis Penna, explicou que sua legenda sempre teve uma política de alianças programáticas e buscou se aliar a partidos defensores da social democracia. Por conta disso, segundo ele, não seria contraditória a posição do PV de apoiar uma ou outra candidatura que Marina tanto criticou ao longo da campanha.
"Estamos muito confortáveis, porque tivemos um apoio nunca antes pensado. Queremos usar o prestígio que tivemos das urnas para impregnar o programa do futuro presidente do Brasil", disse Penna. Os verdes estão preparando um documento com o resumo de suas principais propostas para ser apresentado aos dois candidatos que ainda disputam a presidência, esperando que eles as incorporem ao programa de governo.
Contudo, o PV sabe que as negociações não serão simples e que também terá que ceder em alguns pontos. "Se algum deles disser 'vamos aderir na integralidade e apoiar até a última gota todos os pontos do programa de vocês', não vai ser sério isso, não vamos acreditar. E o programa que vamos apresentar não é 'ame-o ou deixe-o', não é 'faca no pescoço', é um instrumento para que tenhamos uma interlocução com eles e eles tenham uma interlocução com a sociedade", afirmou Alfredo Sirkis, vice-presidente do PV.
O partido inicia nesta quinta as discussões para a formulação desse resumo, e espera apresentá-lo aos candidatos antes do dia 17, para que possa realizar a sua convenção já sabendo o posicionamento de PT e PSDB sobre suas propostas.

Terra

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