quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sem notícias na primeira página, jornais bolivianos protestam contra lei antirracismo

A maioria dos jornais bolivianos saiu nesta quinta-feira sem notícias na primeira página e apenas com breves declarações sobre a liberdade de expressão. A medida foi um protesto contra uma lei que será votada pelo Senado e, se aprovada, determinará o fechamento de meios de comunicação que divulguem mensagens racistas.
O protesto não teve efeito imediato entre os que propuseram a nova lei, incluindo a maioria de parlamentares governistas e o presidente Evo Morales, de origem indígena. Em entrevista coletiva, Morales declarou nesta quinta que "chegou a hora de acabar com o racismo" e renovou as garantias à liberdade de expressão.
Proprietários de jornais e parte das organizações de jornalistas do país optaram pelo protesto quando a bancada governista no Senado anunciou que não previa suavizar as sanções aos veículos "racistas" contidas no projeto de lei aprovado previamente pela Câmara de Deputados.
Os únicos textos nas primeiras páginas dos jornais "La Prensa" e "El Diario" eram os dizeres "não existe democracia sem liberdade de expressão". Já o "Página Siete" publicou uma breve justificativa de sua rejeição à lei antirracista.
A maioria dos jornais do restante do país se somou ao protesto, mas o "La Razón", o diário de maior circulação de La Paz, e o estatal "Cambio" publicaram edições normais. 

Morales destaca que lei foi proposta por parlamentares indígenas

Os jornais rejeitaram especialmente dois artigos da lei: um que prevê o fechamento de meios de comunicação que cometam delitos racistas reiterados e outro que responsabiliza os jornalistas por eventuais mensagens racistas, anulando a imunidade de que eles gozam graças à Lei de Imprensa de 1925.
"A ameaça de que algum meio de comunicação seja fechado é uma possibilidade mais própria das ditaduras que da democracia", disse o "Página Siete", justificando sua página em branco.
Evo Morales deu a entender que as queixas do setor de mídia não vão frear a lei, que foi proposta inicialmente pelos primeiros parlamentares originários de povos indígenas na história da Bolívia, entre eles afro-bolivianos, que chegaram à Assembleia este ano nas chapas governistas.
O presidente também confirmou que a Federação dos Empregados da Imprensa de La Paz pediu que o regulamento preveja que, no caso extremo de fechamento de um veículo de imprensa, sua licença e seus bens passem a pertencer aos funcionários.

O Globo

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