segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Produtor vira exemplo ao investir no cultivo de coco em Iguatu

Resultados obtidos na localidade de Barro Alto estão inspirando outros produtores a investir na plantação de coco


Iguatu. Depois da goiaba e da uva, a produção de coco vem despertando a atenção dos produtores rurais deste Município. O fruto oferece boa rentabilidade e a demanda é crescente. Na localidade de Barro Alto, nas várzeas do Rio Jaguaribe, uma área de 10 hectares implantada há quatro anos pelo produtor Manoel Bezerra Bastos Neto, mais conhecido por Neto Bastos, serve de modelo e incentivo para outros agricultores.

Do total cultivado, três hectares e meio estão em produção. A colheita atual é de quase 8 mil frutos por semana. Todas as segundas-feiras um caminhão é carregado e o produto é comercializado para a empresa Amacoco, instalada na cidade de Petrolina, no Estado de Pernambuco. Lá o fruto é industrializado e envasado para exportação e venda no mercado nacional.

A empresa pernambucana paga R$ 0,85 por litro de água de coco. Na média, cada coco é vendido por R$ 0,40, o que representa um faturamento mensal em torno de R$ 12 mil. O custo médio para produzir a unidade da fruta é de R$ 0,07. “Estou muito satisfeito e acertei em um produto que tem uma demanda crescente. O mercado atual é favorável”.

A meta do produtor Neto Bastos é triplicar a produção até 2013. “Vamos colher oito mil frutos um dia e outro não”, disse. A partir do terceiro ano, o pé de coco já começa a produzir, mas a estabilidade ocorre entre cinco e seis anos. Nos próximos dois anos, a área total de 10 hectares estará produzindo.

A ideia de Neto Bastos é ampliar o coqueiral. “Vou erradicar oito hectares de banana, ainda este ano. A rentabilidade do coco é três vezes maior”. Para cada hectare implantado de coco, há um investimento de R$ 6 mil com o sistema de irrigação localizado.

Cada pé exige 200 litros de água por dia. “Utilizo o sistema de dupla tarifa, que me dá uma economia significativa no consumo de energia. A conta no fim do mês oscila em torno de R$ 1,1 mil, incluindo a irrigação de cinco hectares de banana.

Plantio consorciado

Neto Bastos optou pelo plantio com espaçamento de sete por sete metros em triângulo. No início, faz o consórcio com culturas de ciclo rápido, como a macaxeira e abóbora. A renda obtida com esses produtos já é suficiente para pagar o custo de aquisição e implantação do sistema de irrigação. Na última safra, o produtor colheu 40 toneladas de macaxeira, cujo quilo é vendido por R$ 0,60.

Depois, o coqueiral convive com a criação de ovinos. Os animais fazem a capina natural, sem deixar o mato invadir a área. Palhas, ramos e galhos ficam no solo para decomposição orgânica. “Fiz correção de solo e acompanho a qualidade da água usada na irrigação”.

O produtor preferiu manter o contrato de com a empresa industrial, embora receba um valor abaixo da oferta de atravessadores. “É melhor manter um contrato e um preço acertado do que ficar nas mãos de atravessador que hoje pagam um valor e amanhã modificam”.

O apoio dado pela Secretaria de Agricultura de Iguatu não foi esquecido pelo produtor, que destacou o papel do secretário Valdeci Ferreira. “O esforço dele é para ampliar a produção de fruticultura no Município, mas cada produtor precisa fazer a sua parte. Seguir as orientações técnicas é o melhor caminho”.

A decisão de produzir coco foi tomada depois que o produtor Neto Bastos assistiu a uma reportagem do programa Globo Rural, na TV Globo. “O repórter falou sobre o aumento do consumo de água de coco no Brasil, a demanda crescente e a quantidade reduzida do fruto para atender essa tendência de mercado que permanece em alta. Fiz outras pesquisas e comprovei que o quadro era favorável”.

Em face do sucesso obtido pela lavoura de coco na unidade produtiva no sítio Barro Alto, a Secretaria de Agricultura do Município está incentivando outros produtores a seguir o mesmo caminho. A área em produção passou a ser uma espécie de sala de aula demonstrativa das técnicas de plantio, preparo de solo, sistema de irrigação e de colheita. Quase todas as semanas, produtores da região visitam a propriedade, interessados em informações sobre investimento e rentabilidade.

“Fico satisfeito quando recebo uma pessoa interessada em produzir, dou todas as informações e mostro que o mercado precisa cada vez mais do fruto”, disse Neto Bastos. O secretário de Agricultura, Valdeci Ferreira, disse que o experimento do Barro Alto hoje está consolidado e serve de modelo para outros agricultores. “O nosso esforço é para expandir a área de fruteiras no Município”.

Enquete

Vantagens do coco

“Estou satisfeito com o plantio de coco e acho que acertei em cheio com uma fruteira que dá alta rentabilidade”

Neto Bastos

Produtor rural de coco

“O nosso esforço é para ampliar as áreas de fruticultura no Município ampliando a renda no campo”

Valdeci Ferreira

Secretário de Agricultura de Iguatu

MAIS INFORMAÇÕES

Secretaria de Agricultura de Iguatu/ Rua José de Alencar, S/N, Bairro Bugi/ Telefone: (88) 3581. 6527

Neto Bastos: (88) 8835.6601

POTENCIAL

Iguatu substitui sequeiro pela fruta

Com assistência técnica e implantação de tecnologias, fruticultura vem despertando maior interesse nos produtores

Iguatu. Na última década, Iguatu vem assistindo ao crescimento das áreas de fruticultura, em substituição às culturas de sequeiro. A paisagem do sertão está mudando. O número ainda é reduzido, mas a cada ano aumenta a quantidade de pequenos produtores interessados em plantar frutas, interessados em ampliar a renda familiar.


De acordo com estimativa da Associação dos Fruticultores Iguatuenses, o Município possui o maior número de produtores de banana do Estado, com 300 agricultores que cultivam 400 hectares. Mas é o terceiro em produção. “A nossa característica é de pequenas áreas, típicas da agricultura familiar”, observa o secretário de Agricultura, Valdeci Ferreira.

A associação foi criada há três anos e trabalha para melhorar a produtividade, implantar novas técnicas de irrigação e comercializar os frutos, sem a interferência de atravessadores. A bananicultura tem tradição e a maior parte do plantio está localizada nos sítios Cardoso, Quixoá, Gadelha e Penha, no entorno do Rio Jaguaribe.

O secretário destacou o potencial produtivo do Município. “A partir da adequada assistência técnica e de implantação de novas tecnologias, a produção local vai crescer e o custo de produção pode ser reduzido”.

A produtividade média da banana nanica por hectare em um ano é de 30 toneladas. É uma quantidade reduzida. A variedade Grande Naine produz na primeira safra 60 toneladas por hectare/ano e na segunda estabiliza em 80 toneladas. “Temos potencial e conhecemos a tecnologia”, frisou o produtor Murilo Barroso. O lucro estimado por hectare de banana é de 40%.

O crescimento da demanda e o preço favorável também estão incentivando produtores a produzir goiaba irrigada. A fruta caiu no gosto dos agricultores e dos consumidores. A produção local sequer atende o mercado regional e a perspectiva é de aumento das áreas de plantio nos próximos dois anos.

Iguatu tem seis hectares implantados e uma produtividade média de 20 mil kg por hectare. A cultura tem produção crescente até o quarto ano, quando ocorre a estabilização. No primeiro ano, produz de cinco a sete toneladas por hectare, no segundo chega a 15 toneladas e no terceiro, a 25 toneladas. No quarto ano, alcança de 40 a 50 toneladas.

Iguatu se destaca ainda como o maior produtor de uva do Centro-Sul. São seis hectares implantados e uma produtividade média de 20 toneladas por hectare, de acordo com a Secretaria de Agricultura. As unidades foram implantadas há cinco anos, após mobilização junto aos produtores rurais. A ideia era atrair um maior número de pessoas dispostas a cultivar videira em face da possibilidade de maior lucro em relação às outras fruteiras e de um amplo mercado consumidor no Estado.

Quatro produtores apostaram no cultivo. Dois deles, José Dantas e Francisco de Souza, estão produzindo com regularidade e satisfeitos com os resultados. Segundo os técnicos, um dos principais empecilhos é o elevado custo de implantação do parreiral, superior às tradicionais fruteiras. O ciclo produtivo é de quatro meses, com duas safras e meia por ano.

Fonte: Diário do Nordeste

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