terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Governo suspende agentes rurais e prejudica a agricultura familiar, a produção de frutas e de mamona para o biodiesel em Iguatu

A recontratação de 28 agentes rurais que tiveram o trabalho de assistência técnica suspenso no último dia 31 de dezembro, pelo Estado. Essa foi a principal reivindicação aprovada na última reunião do Fórum de Secretários de Agricultura da Região Centro-Sul. Ao final do encontro, foi elaborado um documento a ser encaminhado ao secretário de Agricultura e Desenvolvimento Agrário (SDA), Camilo Santana. A principal preocupação dos secretários municipais de Agricultura é com relação à contratação dos agentes rurais. Eles temem que a agricultura familiar, a produção de frutas e o plantio de mamona para o biodiesel fiquem prejudicados. “Não podemos perder esses técnicos que já foram selecionados, treinados e têm experiência na assistência aos produtores rurais”, explicou Valdeci Ferreira. “Eles devem ser aproveitados com urgência porque o campo precisa do trabalho deles”. Os agentes rurais foram contratados pelo Estado por meio de um processo de seleção e de uma bolsa no valor de R$ 900,00, paga pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) por um período de três anos. Em todo o Estado, 129 agentes rurais completaram o período de 36 meses e tiveram o contrato suspenso. Na região Centro-Sul, são 28. Os secretários defenderam a recontratação e a ampliação do número de agentes rurais. “O Estado precisa encontrar uma alternativa para manter os agentes que têm capacidade técnica e já demonstraram vontade de trabalho”, disse o secretário de Agricultura de Acopiara, Luís Lucas. “Seria uma contradição fazer nova seleção e contratar quem não tem experiência, pois o Estado já investiu muito na qualificação dos agentes”, avalia. Valores diferenciados Na reunião, foi debatida também a paridade salarial entre os agentes rurais contratados pelo Estado e pelos municípios. As prefeitura pagam valores diferenciados. Outros pontos discutidos trataram da gestão do programa. “Uma nova seleção deve ser feita apenas para aqueles agentes que não deram certo, que são acomodados para o trabalho, com base em critérios de avaliação técnica. Os que sabem e querem trabalhar devem permanecer”, defendeu Valdeci Ferreira. Nos últimos três anos, na região Centro-Sul, houve uma ampliação significativa da produção de frutas e abóbora, graças ao trabalho de orientação dos agentes rurais contratados pela Ematerce. A tendência é de crescimento desse setor. “Sem os agentes rurais, os produtores vão ficar sem assistência e muitos projetos podem ser prejudicados”, observou o secretário de Agricultura de Cariús, Valdir de Souza (Pirrita). O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Jucás, Fernando da Silva, mostrou preocupação com o setor da agricultura familiar. “Os agentes rurais fazem um bom trabalho de orientação e apoio ao pequeno produtor. Eles não podem perder essa assistência e ficarem prejudicados”. O agente de desenvolvimento do Banco do Nordeste (BNB), José Wilson Araújo, mostrou preocupação com a suspensão do contrato dos agentes. “Nos últimos anos, o BNB vem investindo em projetos de fruticultura e de produção diversa, no apoio à agricultura familiar, e esse programa não pode cair no descrédito”, observou. “Vamos elaborar um relatório sobre a suspensão do trabalho e encaminhar à direção do banco”. Apesar da preocupação, os secretários municipais mostraram confiança no governo do Estado para encontrar uma alternativa e renovar as contratações. “É uma questão jurídica que pode ser resolvida”, observou Paulo Afonso Júnior, do município de Cedro. “Com vontade política, haverá solução”. O presidente da Associação dos Agentes Rurais, no Ceará, José Araújo de Oliveira, disse que mantém a esperança de que os contratos serão renovados. “Estávamos tentando resolver esse problema na Ematerce, mas o tempo passou e o prazo da bolsa expirou”, contou. “Em contato direto com o governador Cid Gomes, ele nos garantiu que o programa vai permanecer”. O gerente regional da Ematerce, Joaquim Virgulino Neto, e o gerente local, João Aquino, disseram que o governo estuda uma alternativa de contratação por meio de uma cooperativa. “O programa vai permanecer e em breve o problema será resolvido”, disse Aquino. A assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) assegurou que o programa será mantido e informou que a Ematerce estuda uma nova forma de recontratar os agentes para substituir o atual sistema de bolsa da Funcap, limitado ao prazo máximo de 36 meses.
Fonte: Diário do Nordeste

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