domingo, 6 de dezembro de 2009

Enem 2009: MEC tira gabarito do ar e cancela questão

Erros não especificados fizeram o Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação tirar do ar o gabarito oficial das provas do Enem, menos de duas horas depois de liberá-lo para consulta na internet. Leitores do Estadão.edu apontaram problemas no gabarito em várias questões. O Inep também cancelou um dos itens da prova de Linguagens e suas Tecnologias.
A questão anulada mostrava uma tira de quadrinhos com o escritor argentino Jorge Luis Borges. Segundo o professor de português do cursinho Objetivo Nelson Dutra, a questão admitia duas respostas. Pelo mesmo motivo, Dutra defendeu a anulação de outro item do exame de Linguagens, que usou no enunciado o poema “Canção do vento e da minha vida”, de Manuel Bandeira. O MEC ainda não se pronunciou a respeito dessa segunda questão.
O item anulado reproduziu uma tira com três quadrinhos, no qual um repórter faz uma pergunta a Borges: “Por que o senhor publicou esse livro? Qual foi a sua maior motivação?” No quadrinho seguinte, o escritor dá a primeira parte da resposta. “Motivação? Meu filho, um escritor publica um livro para parar de escrevê-lo!” No último quadrinho, o Borges da caricatura completa o raciocínio. “Eu não aguentava mais escrever e reescrever e revisar e acrescentar e suprimir e reescrever e consertar palavrinhas e revisar e reescrever…”
O enunciado da questão pedia ao candidato que assinalasse em qual passagem do texto “a norma padrão da língua portuguesa é rigorosamente obedecida”. Para Dutra, há duas alternativas corretas. A que destaca o “emprego do pronome pessoal oblíquo” na primeira resposta de Borges. E a que menciona o “emprego do pronome possessivo ’sua’” na pergunta do repórter sobre a motivação do escritor.
Quanto ao texto de Manuel Bandeira, a questão colocada em xeque pelo professor do Objetivo pedia ao aluno que destacasse uma característica da construção do poema. A alternativa correta, pelo gabarito oficial, é a que menciona “a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes”. Para Dutra, porém, também é válida a alternativa que cita “a construção de oposições semânticas”.



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