O comandante do Bope Paulo Henrique Moraes afirmou que o filme Tropa de Elite 2 pode ser perigoso ao misturar ficção e realidade. De acordo com ele, que assistiu o filme sem se identificar em um cinema, as pessoas podem tomar a obra de arte como um documentário e podem ter dificuldades em discernir os fatos da ficção.
"Quem foi, dentro do sistema de segurança da época do início das milícias, grande beneficiado, eleito deputado e depois caçado e preso por tudo aquilo? Isso apareceu no filme? Não, não apareceu. Para quem não conhece toda a história os seus bastidores, vai ter aquilo que está no filme como verdade e essa verdade não é exatamente aquela", afirmou.
O coronel Paulo Henrique disse ainda que escutou comentários das pessoas no cinema e que as pessoas estão vendo o filme como um documentário e tirando conclusões sem ter o conhecimento de aspectos que o filme não aborda. "O filme começa dizendo: 'eu criei essa força de combate com tantas equipes...', isso não existe. É diferente. O chefe da inteligência não é um funcionário do Bope. O secretário de segurança não foi o ex-comandante da PM. Algumas pessoas que não conhecem isso ou que não ligam esses fatos vão ter isso como verdade. Isso é um pouco perigoso", afirmou.
Segundo o comandante do Bope o risco é que a discussão necessária em torno do tema seja balizada por situações não verídicas. "O risco de ter essa discussão sobre fatos que nem sempre são verdade. Isso pode causar uma diferença absurda. Se numa equação matemática você troca o sinal no meio dela, você troca o resultado. O importante é que as pessoas entendam que aquilo ali não é a reprodução exata da verdade", afirmou.
No entanto, o coronel fez elogios e aprovou o filme como obra de ficção: "Como obra de arte: o filme é bastante interessante. Tem cenas de emoção, um contexto bem desenhado. Coloca algumas discussões que devem ser discutidas. Isso é bom. Desde que a pessoa tenha a exata noção do que é aquilo".
De acordo com ele, o Bope não tem sua imagem manchada pelo Tropa de Elite 2: "Esse filme não fala do Bope. Fala dos bastidores da segurança pública. O Bope praticamente não aparece".
Para Paulo Henrique uma boa discussão trazida pelo filme é a influência política na segurança pública. Na sua visão, esse foi dos aspectos que apresentou melhoras em relação à época em que o filme se passa: "Uma grande dificuldade na segurança pública é a interferência política. Isso é uma evolução e precisa ser mostrado. As decisões em segurança pública não podem estar vinculados a esse lado político porque isso pode estar viciando ou estragando todo um trabalho", afirmou. Redação Terra
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