Presidente eleita, Dilma Rousseff começa a enfrentar sua maior dor de cabeça na montagem de sua equipe ministerial. Definir o espaço do PMDB em seu futuro governo. Os peemedebistas estão inquietos e desconfiados. Até aqui, ouviu mais falar em perdas do que em ganhos ministeriais. Sua fatia de poder cairia de seis para três pastas, confirmadas as articulações em curso da equipe dilmista.
Uma equação totalmente desfavorável para quem decidiu se aliar formalmente ao PT, indicar o vice da chapa e entregar um belo tempo de TV para Dilma Rousseff. Tanto que as queixas foram encaminhadas aos ouvidos da presidente eleita, que agendou reunião com seu vice, Michel Temer, presidente do PMDB e da Câmara dos Deputados.
O primeiro passo de Dilma para tentar acomodar o PMDB já foi dado. A presidente eleita sinaliza que pode deixar de lado seu desejo de colocar um nome de referência técnica, altamente qualificado, no Ministério da Saúde. Abandonaria a ideia de retirar a pasta do rateio político e a colocaria no seu comando um peemedebista ligado ao governador Sérgio Cabral (RJ).
Com isso, espera também baixar a temperatura interna dentro do próprio PMDB. Cabral resiste à nomeação de Moreira Franco para o Ministério das Cidades, uma indicação do vice Michel Temer. Pode mudar de posição se colocar na Saúde um nome ligado a ele. O mais falado é o de Sérgio Côrtes, seu secretário de Saúde.
Na equipe de transição, o que se diz é que, sobrevivendo ao sereno, Cortês tem tudo para emplacar. Traduzindo. Se não surgirem novas denúncias contra ele, que possam comprometer seu caminho, ele vira ministro da Saúde.
Por enquanto, o PMDB tem garantidas as pastas da Agricultura e Minas e Energia. Sonha e tem a promessa de comandar o Ministério das Cidades. Perderá o da Integração Nacional e o das Comunicações. Pode ficar com a da Saúde e manterá um que ele não contabiliza como seu, Defesa, com a manutenção de Nelson Jobim no posto.
Essa, porém, é a apenas a primeira das batalhas. A guerra vai prosseguir. Definidos os ministérios, há ainda toda distribuição das presidências e diretorias das principais estatais. O PMDB comanda uma boa parte do setor elétrico, manda na Transpetro, ocupa os Correios e tem na sua esfera de poder a Funasa, entre tantos outros cargos. Essa segunda batalha não ganha tanto destaque na mídia, mas é encarada pelos parlamentares, muitas vezes, como mais importante do que muito ministério pelo poder de fogo nas suas regiões.
Ou seja, o tempo é curto, falta apenas um mês para a posse de Dilma Rousseff, e ela tem pela frente muitos obstáculos para transpor.
Por Valdo Cruz
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