Por Mauro Santayana
É com amargura que somos obrigados a retomar o tema, mas o silêncio, nesse caso, é criminosa cumplicidade. Trata-se da estúpida e perigosa reação de jovens dos estados do Sul, sobretudo de São Paulo, contra os brasileiros do Nordeste, desta vez com relação aos resultados eleitorais. O racismo é abominável, ao não aceitar os seres humanos diferentes, mas é também incômodo ao revelar a profunda ignorância dos que o praticam. Todos os homens são iguais em sua essência, e a moderna biologia vai além: as diferenças entre os seres humanos e os demais mamíferos são insignificantes.
A vida é a aventura comum da matéria. Não conhecemos suas razões e provavelmente jamais as conheceremos. Os grandes aceleradores de partícula podem identificar o bóson de Higgs, em que, conforme a presunção de alguns físicos, Deus poderá ser encontrado. Mas, ainda que ali o encontrássemos, seria impossível com ele dialogar e conhecer as suas razões para criar o cosmo. Restará sempre a dúvida: por quê? Por que a vida, por que a morte, por que o ódio?
Como seres humanos, tivemos que lutar pela sobrevivência contra outros seres vivos, das feras pré-históricas aos vírus e bactérias identificados em nosso tempo, e contra seus vetores, como os ratos e os insetos. Como seres humanos, não temos sabido conviver uns com os outros, como provam as guerras, e o racismo – suprema manifestação da ignorância – não é só um sentimento dos homens primitivos, que sobrevive entre nós. É a exposição mais transparente da debilidade, do medo. Esses jovens de São Paulo e de outras cidades meridionais, no fundo, não desprezam os nordestinos. Temem, apenas, que eles os venham suplantar, o que já começa a ocorrer. O desempenho intelectual de moças e rapazes das universidades de Campina Grande, de Natal, de Recife – entre outras – está surpreendendo os observadores, principalmente no que se refere ao conhecimento científico.
As pessoas, quando aprendem a pensar, tornam-se poderosas – e riem dos preconceitos. Para aprender a pensar, basta duvidar das verdades tidas como absolutas. A única verdade absoluta é a morte. Temos que combater todos os racismos, mesmo quando eles se disfarçam na “defesa” da própria “raça”. Esse combate se inicia na constatação de que raça é substantivo abstrato. Não existem raças humanas. Houve, como confirma a ciência, durante a peregrinação da espécie, a partir da África, a adaptação dos seres humanos às condições próprias das latitudes, da alimentação, do clima, o que resultou na cor da pele e em outras alterações do corpo. Somos todos “afrodescendentes”, para fazer concessão a outra violação do bom-senso, que é o uso dos termos “politicamente corretos”. Se black is beautiful, por que rejeitar a palavra negro?
Mas, no caso dos nordestinos, não é o preconceito “racial” que atua. Eles são discriminados porque, em sua imensa maioria, são pobres. Sua pobreza secular é resultado de duas catástrofes: uma, natural, a da seca; outra, social, a da cruel opressão das oligarquias. Essas duas tragédias os tangeram à migração. Sendo-lhes negada a educação, viram-se, nos estados desenvolvidos, obrigados aos trabalhos mais penosos e mal remunerados. Da mesma forma que não há preconceito contra os negros ricos, tampouco há contra os nordestinos ricos; nem há no Nordeste mais mestiços do que no resto do Brasil. Ao contrário: numerosas de suas famílias descendem dos holandeses e franceses que ocuparam a região, e deixaram sua marca genética, na cor da pele, dos cabelos, dos olhos. O que eles temem é a ascensão dos pobres ao poder, nordestinos ou não, como é o caso de Lula.
É necessário impedir que a infecção se alastre. Ela deve ser cauterizada logo, pela ação rápida e severa da Justiça.
A vida é a aventura comum da matéria. Não conhecemos suas razões e provavelmente jamais as conheceremos. Os grandes aceleradores de partícula podem identificar o bóson de Higgs, em que, conforme a presunção de alguns físicos, Deus poderá ser encontrado. Mas, ainda que ali o encontrássemos, seria impossível com ele dialogar e conhecer as suas razões para criar o cosmo. Restará sempre a dúvida: por quê? Por que a vida, por que a morte, por que o ódio?
Como seres humanos, tivemos que lutar pela sobrevivência contra outros seres vivos, das feras pré-históricas aos vírus e bactérias identificados em nosso tempo, e contra seus vetores, como os ratos e os insetos. Como seres humanos, não temos sabido conviver uns com os outros, como provam as guerras, e o racismo – suprema manifestação da ignorância – não é só um sentimento dos homens primitivos, que sobrevive entre nós. É a exposição mais transparente da debilidade, do medo. Esses jovens de São Paulo e de outras cidades meridionais, no fundo, não desprezam os nordestinos. Temem, apenas, que eles os venham suplantar, o que já começa a ocorrer. O desempenho intelectual de moças e rapazes das universidades de Campina Grande, de Natal, de Recife – entre outras – está surpreendendo os observadores, principalmente no que se refere ao conhecimento científico.
As pessoas, quando aprendem a pensar, tornam-se poderosas – e riem dos preconceitos. Para aprender a pensar, basta duvidar das verdades tidas como absolutas. A única verdade absoluta é a morte. Temos que combater todos os racismos, mesmo quando eles se disfarçam na “defesa” da própria “raça”. Esse combate se inicia na constatação de que raça é substantivo abstrato. Não existem raças humanas. Houve, como confirma a ciência, durante a peregrinação da espécie, a partir da África, a adaptação dos seres humanos às condições próprias das latitudes, da alimentação, do clima, o que resultou na cor da pele e em outras alterações do corpo. Somos todos “afrodescendentes”, para fazer concessão a outra violação do bom-senso, que é o uso dos termos “politicamente corretos”. Se black is beautiful, por que rejeitar a palavra negro?
Mas, no caso dos nordestinos, não é o preconceito “racial” que atua. Eles são discriminados porque, em sua imensa maioria, são pobres. Sua pobreza secular é resultado de duas catástrofes: uma, natural, a da seca; outra, social, a da cruel opressão das oligarquias. Essas duas tragédias os tangeram à migração. Sendo-lhes negada a educação, viram-se, nos estados desenvolvidos, obrigados aos trabalhos mais penosos e mal remunerados. Da mesma forma que não há preconceito contra os negros ricos, tampouco há contra os nordestinos ricos; nem há no Nordeste mais mestiços do que no resto do Brasil. Ao contrário: numerosas de suas famílias descendem dos holandeses e franceses que ocuparam a região, e deixaram sua marca genética, na cor da pele, dos cabelos, dos olhos. O que eles temem é a ascensão dos pobres ao poder, nordestinos ou não, como é o caso de Lula.
É necessário impedir que a infecção se alastre. Ela deve ser cauterizada logo, pela ação rápida e severa da Justiça.
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